13 de mar. de 2011

Faces, de John Cassevetes (1968)

A história do filme de John Cassavetes pode ser considerada uma história comum, um marido abandona a esposa para passar a noite com uma amante, a esposa triste saí para a balada com as amigas e se envolve com outro homem. A complexidade desse filme não está na história. Cassavetes explora a expressão dos atores para criar suas personagens, ele aprofunda-se nas relações humanas, aquelas que além ou aquém das ideologias pessoais, agem diretamente em favor dos interesses mais imediatos de cada individuo. Objetivos que revelam o quanto ainda somos sórdidos e imperfeitos, que mostram que nossas ações nem sempre condizem com nossas idéias perfeitas de quem somos.
Para isso, Cassavetes utiliza-se de uma técnica peculiar, ele é um vouyer que se aproveita das imprerfeições dos próprios atores para dar expressão as suas personagens. É dificil dizer o que em seu filme é do próprio ator e o que é da personagem. Toda personagem usa-se do ator para existir, entretanto os niveis dessa "usurpação" variam muito e o que se vê normalmente é a tentativa do diretor de levar isso a niveis mínimos, para que a personagem consiga parecer o máximo com o que foi idealizada.
"Faces" mostra que o contrário também é valido, a expressão do ator não só pode preencher a personagem como a potencializa e a torna mais realista. Isso assemelha muito o filme, guardada as devidas proporções, aos reallity shows modernos onde pessoas são personagens que possuem objetivos e papéis a desempenhar, mas que atuam livremente. Essa formula tem demonstrado grande sucesso em atrair olhares dos espectadores, uma vez que o todo dessa trama se torna muito mais complexo do que um roteiro totalmente bolado pela mente de um roteirista.
Outra fato que merece atenção em Faces é a opção do diretor de abrir o filme com uma quebra, o filme que assistimos é o próprio filme que a personagem principal assiste, e do qual é protagonista, essa quebra revela ao espectador não somente que o que ele esta assistindo é um filme, mas também deixa a dúvida de um paradoxo, o quanto um filme é real e o quanto não é.

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