13 de mar. de 2011

Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord (1973)

Em 1973, Guy Debord, autor do livro “A sociedade do espetáculo”, cria o filme de mesmo nome em forma de filme-manifesto, usando imagens para ilustrar sua narrativa em voz off. Ironicamente, Debord utiliza o próprio objeto de sua crítica, as imagens, para realizar sua narrativa.
A crítica de Debord consiste em questionar o funcionamento da sociedade contemporânea - vista de fora ou de dentro? Debord viveu dentro da sociedade do espetáculo, porém ele precisou sair dela, através da reflexão, para vislumbrar o espetáculo - onde os valores dos objetos reais são transferidos para as imagens destes objetos, criando um complexo sistema de imagens que retratam parcialmente a realidade, e uma realidade que absorve apenas imagens. A sociedade do espetáculo se deve aos meios e técnicas de comunicação e propaganda que criam a todo momento ícones e imagens que seduzem o indivíduo, fazendo com que ele se esqueça do seu meio físico-real para viver em busca de uma vida prometida pelas imagens. Hoje, não compramos um produto pela real necessidade daquele produto, mas pela imagem que este produto agregará a nossa própria imagem.
Debord fala de duas formas do espetáculo, difuso e concentrado. O concentrado é caracterizado pelos regimes totalitários onde a imagem de um único estilo de vida deve ser seguido, escondendo com isso os elementos reais que não condizem com este estilo (geralmente elementos negativos como a miséria e violência são maquiados por propaganda). Um exemplo deste tipo de espetáculo pode ser visto no filme “Círculo de Fogo” de Jean-Jacques Annud (2001), onde para vencer a guerra contra a Alemãnha nazista, os russos utilizam a imprensa para criar um herói, o personagem Vassili Zaitsev interpretado por Jude Law. Esse herói motivará os outros soldados na frente de batalha. O outro tipo de espetáculo é o difuso, representado por regimes democráticos. Neste caso, a diversidade de produtos leva a população a crer numa falsa liberdade de escolha. Falsa liberdade porque suas opções de escolha são apenas imagens diferenciadas, não lhes sendo possível distinguir entre imagem e realidade.
Nossa sociedade vive alienada de sua condição, o estado que precisa da mão de obra do povo cria meios de ilusão, claros ou obscuros, para que o povo continue lhes promovendo com a sua força de trabalho; são os velhos calhordas que nos administram, e assim vai continuar enquanto construirmos nossas próprias escolhas.

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